Apresentamos neste volume um trabalho da área da Comunicação, dois da área do Marketing e um da área do Design.
No presente número damos a conhecer a contribuição do Brasil, de Portugal e de Espanha através de cinco artigos, apontando estes para uma preocupação com sistemas de avaliação e mensuração nas diferentes áreas, nas quais estão presentes reflexões que se situam entre abordagens inscritas em paradigmas mais ou menos tradicionais, mas fundamentalmente todos traduzem uma exploração de processos resultantes da instabilidade de comportamentos dos consumidores, dos cidadãos, das marcas.
O trabalho com o título “Mind the Gap: a lacuna entre a estratégia de marca e a experiência de consumo sob o ponto de vista da comunicação” propõe identificar fatores que determinam o gap entre a estratégia de marca e a experiência de consumo. Neste processo, foi construído um Modelo Conceitual de Diagnóstico que permitirá aos gestores de marca visualizar os pontos críticos nos quais reside os fatores que potencialmente afetam a experiência de marca.
No artigo “Branding e Indicação Geográfica: a relação entre marca e origem como estratégia de valor para negócios”, os autor analisa as tendências emergentes de mercado e comportamento de consumidores, investigando a influência sobre os hábitos de consumo a partir do momento em que uma Indicação Geográfica é estabelecida e desenvolve o seu processo de criação de valor. O artigo intitulado “Brand Love: conjugated psychometric and biometric evaluation. What added value?”, a partir da constatação de que os consumidores podem sentir-se emocionalmente ligados às marcas e, consequentemente,
construírem relacionamentos profundos e duradouros, podem também ser promotores de vagas de passa-a-palavra e de recomendação da marca. Sendo um sentimento especial, o brand love é o tema que impulsiona a pesquisa que se situa no campo científico das ciências do consumo e dos processos de branding. O estudo procura aliar uma técnica de neuromarketing, biometria, juntamente com medidas psicométricas de brand love, com o objetivo de investigar e esclarecer se as medidas biométricas combinadas com as psicométricas tradicionais acrescentam maior discriminação e rigor à avaliação da atração/preferência, brand love, pelas marcas.
O artigo “Product and brand, design insights from myth dissemination – Learning module design”, a partir de um trabalho realizado na unidade curricular de Design e Tecnologia do Mestrado em Design Gráfico no CIAUD, Lisbon School of Architecture, Universidade de Lisboa, desenvolve um módulo de ensino/aprendizagem centrado no papel do mito no desenvolvimento de design de produto. Na experimentação, os autores constatam o eventual conflito entre algumas metodologias de projeto e a natureza do mito e do rumor no projeto de design, apontando para a importância da estratégia na busca de novas soluções em novos conceitos de design de produto.
O artigo “The brand name from the expert’s view: a new analysis proposal for the measurement of opinions from professional branders”, Alberto Pinillos Laffón, Daniel Rodríguez Valero e Fernando Olivares Delgado, da Universidade de Alicante (Espanha) propõem novos parâmetros e critérios para orientar a criação de naming da marca com base na opinião de especialistas renomados de quatro campos profissionais.
A linha orientadora que emerge nos diferentes trabalhos em Branding é, por conseguinte, resultante da área como confluência de diferentes saberes provenientes de diferentes áreas científicas, conferindo ao Branding uma área emergente de finais do séc. XX e início do séc. XXI. Esta é a face visível de como as fronteiras entre as diferentes disciplinas se esbatem encontrando na transdisciplinaridade a sua área de ação, tanto no campo da teoria como no campo da prática. Na interseção das áreas emergentes com a dinâmica tecnológica, nomeadamente a designada terceira vaga da internet e a indústria 4.0, mais especificamente na tradução de uma conectividade universal que permite abranger todas as áreas da economia pela criatividade e inovação na indústria, no turismo, nos serviços, bem como em todas as atividades híbridas, somos todos chamados, quer na condição de académicos, pesquisadores, profissionais ou consumidores como atores neste processo de mudança caracterizado pelo momento histórico-social no qual vivemos.
Boa leitura a todos!
Carminda Silvestre e Elizete de Azevedo Kreutz