O presente volume, orientado pela temática Economia Criativa, pressupõe abranger um amplo sector de atividades criativas, determinantes para a economia, sugerindo que a criatividade humana é o recurso económico por excelência e que a economia do século XXI dependerá cada vez mais da criação do conhecimento por meio da criatividade e inovação. Nesta senda, reunir aquilo que os académicos, investigadores e profissionais estão a trabalhar permite sentir o pulsar do tempo presente.
Os artigos integrados no presente volume são alguns dos trabalhos apresentados no III Congresso Internacional Marcas/Branding – Economia Criativa, realizado no Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, Brasil, de 6 a 8 de outubro de 2016. De forma mais ou menos explícita, os artigos aqui reunidos são reflexões resultantes de trabalhos de investigação que se enquadram na temática enunciada.
Assim, o artigo “Just-in-Time City Branding – an applied case study for performance and innovation management”, de Carlos Alves Rosa e Patrícia Oliveira, relata a aplicação experimental de um modelo de gestão sincrónica da marca aplicado ao setor de turismo e hospitalidade da marca-cidade de Lisboa, tendo sido extraídos dimensões que permitem organizar a gestão da inovação e do desempenho e da satisfação com a qualidade de vida e o turismo na cidade.
Emílio dos Santos, no seu artigo intitulado “Entre o singular e plural: place branding para cidades Patrimônio Cultural da Humanidade”, tem como objeto de estudo o caso da Cidade São Luís/MA, inscrita como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Neste trabalho, são feitas reflexões teóricas conducentes a um reposicionamento da cidade como marca.
Também o artigo “Rota das Belas Histórias: desenvolvendo o potencial turístico de Taquara através do design estratégico”, de Julia Becker da Silva e Henrique Macedo Luzzardi, apresentam um estudo sobre a cidade de Taquara, no Rio Grande do Sul, onde demonstram a existência de um potencial turístico inexplorado no município e evidenciam o papel do Design como ferramenta de Branding para o reposicionamento da identidade do território.
No âmbito da marca-cidade, o artigo “A presença do Branding nos estudos da hotelaria: uma pesquisa bibliométrica do turismo no século XXI”, Aureo Paiva Neto, Maria Carolina Cavalcante Dias e Lissa Valéria Fernandes Ferreira, através de uma pesquisa bibliométrica, apresentam a hotelaria como um segmento com parcos estudos científicos na área do Branding. Ainda no âmbito do território, o artigo “Marca da União Europeia: recentes alterações legislativas”, de Eugénio Pereira Lucas, o autor apresenta a mais recente alteração legislativa de 2015, em resultado da qual a marca comunitária se passou a denominar marca da União Europeia, permitindo esta uma melhor resposta a um mundo globalizado.
Numa sociedade contemporânea, dominada por textos multimodais, com recursos verbais, imagens, sons, cores, etc., o artigo “A construção identitária das marcas – atos discursivos de cores”, de Neiva Maria Machado Soares e Josenia Antunes Vieira, traz à evidência a importância da cor, como sistema semiótico pouco explorado no âmbito do Branding. A análise mostra este recurso semiótico como fundamental e a incorporar na produção de discursos e na representação de identidades.
A informação, outra vertente fundamental da economia criativa, é aqui representada pelo artigo de António Mendes, com o título “Criação de valor em comunidades de marca em meios sociais – o caso do 9gag”, onde o autor analisa práticas de criação de valor em comunidades de marca.
Por último, no âmbito do conhecimento, o artigo “Marca SESI Ciências: Branding e divulgação científica”, José Júnior descreve o processo de construção e consolidação da marca SESI Ciências, que foi realizado no contexto do Serviço Social da Indústria do Estado de Santa Catarina – SESI/SC. O processo trata do desenvolvimento de um programa de divulgação científica, visando contribuir para a elevação do índice de letramento científico brasileiro.
Todos os artigos se inscrevem na área temática Economia Criativa; contudo, os cinco primeiro artigos indiciam a presente preocupação e relevância com a marca-cidade, região ou país, nos dois lados do Atlântico, como ferramenta de (re)pocionamento das cidades/regiões e no seu impacto na economia criativa.
Desejamos a todos uma boa leitura!
Antonio Hohlfeldt, Carminda Silvestre, Elizete de Azevedo Kreutz e Jean Zozzoli.